Crie na sua casa, com a Organização medidas preventivas para evitar acidentes domésticos infantis.
Durante a gravidez há um especial cuidado em preparar o quarto para a chegada do bebé: berço, cortinas, móveis de apoio, roupa, produtos de higiene. Na cozinha colocam-se os biberões, o esterilizador, os primeiros talheres e pratos. O bebé cresce, torna-se criança, adolescente e a casa sofre várias adaptações. Mas não esqueça o fator segurança. Muitos dos acidentes infantis domésticos são evitáveis e preveníveis. Adaptar a organização tendo em linha de conta não apenas o lado funcional, mas também a componente segurança é imprescindível. A isso junte a monitorização das crianças e estará em bom caminho para evitar situações desagradáveis e complicadas.
Desde a nascença o desenvolvimento infantil – motor, linguagem, emocional, social e cognitivo – é sempre acompanhado por uma boa dose de curiosidade e desconhecimento ou má avaliação dos perigos. Esta “combustão” potência a ocorrência de acidentes infantis. No entanto, existem já estudos feitos que criam alertas e regras para a prevenção desses mesmos acidentes.
No entanto, existem já estudos feitos que criam alertas e regras para a prevenção desses mesmos acidentes infantis. Dados estatísticos do INEM, divulgados num estudo da APSI apresentado no ano de 2022, revelam que ainda há muito em que podemos melhorar! O estudo foi efetuado em crianças dos 0 aos 19 anos e revela números ainda preocupantes: 59,7% são acidentes em transporte terrestre; 11,7% afogamentos; 8,3% sufocação, asfixia e estrangulamento; 6,2% exposição a corrente elétrica, fumo e fogo; 5,5% acidentes não especificados (cortes, queimaduras, envenenamento) e 5,2% quedas. Traduzindo esses números para as faixas etárias, os resultados dizem-nos que 21% ocorrem em crianças dos 0 aos 4 anos, 10% nas idades entre os 5 e 9 anos, 13% entre as idades dos 10 aos 14 anos e 26% entre os 15 e 19 anos. Durante o primeiro ano de vida constatou-se que predominam as mortes por asfixia, sufocação e estrangulamento e do 1º ao 4º ano de vida adicionam-se os afogamentos e os acidentes como peões. Quanto aos acidentes que determinam o maior número de internamentos destacam-se as quedas. Esta é uma pequena amostra deste estudo, mas já nos faz pensar no que poderemos melhorar para prevenir acidentes domésticos infantis e ajudar a baixar estes números. Não queremos, de todo, que uma das nossas crianças faça parte das estatísticas.
Com esse intuito, deixaremos várias recomendações neste artigo, não demasiado exaustivas, por forma a evitar todos os tipos de acidentes acima mencionados.
Evite o risco de queimaduras
- Ao colocar água na banheira certifique-se que está à temperatura ideal de 37C
- Se possível tenha torneiras com termostato
- Na cozinha tenha em atenção em colocar as pegas ou asas de tachos e panelas viradas para dentro da bancada
- Quando acabar de passar a ferro arrume-o, e faça o mesmo com a chaleira elétrica
- Bloqueie o acesso ao fogão ou placa elétrica. Caso tenham botões de bloqueio utilize-os. Cuidado com a porta do seu forno quando e uso.
- Cuidado com o uso de toalhas de mesa compridas. Dê preferência ao uso de individuais de mesa
- Caso tenha lareira, proteja o acesso à mesma quando em uso.


Evite o risco de afogamento
- Não deixe a criança sozinha no banho
- Cuidado com baldes e alguidares com água. Por pouca água que contenham constituem risco de afogamento
- As piscinas devem ser vedadas e apenas usadas sob vigilância.

Evite o risco de quedas
- Coloque travas de segurança nas gavetas. Estas podem ser usadas como degraus
- Instale sistema de retenção de abertura de janelas
- Coloque cancelas nas escadas
- Fixe móveis leves à parede
- Coloque tapete antiderrapante na banheira
- Sempre que lavar o chão vede acesso à área molhada.
Evite o risco de asfixia, sufocamento, estrangulamento
- Evite cortinas com sistema de funcionamento com fios
- Não deixe sacos plásticos ao alcance das crianças
- Cuidado com botões, moedas, anéis ou peças de brinquedos de pequena dimensão.

Evite o risco de cortes, entalões, hematomas
- Coloque protetores nas esquinas dos móveis
- Facas, tesouras e ferramentas deverão ser arrumadas longe do alcance das crianças
- Instale fechos de segurança nas portas
- Não deixe a televisão solta sobre um móvel baixo. Fixe-a à parede
- Quando tiver com a porta da máquina da loiça aberta, tenha especial cuidado com o fácil acesso a objetos cortantes ou contundentes.


Evite o risco de intoxicação ou envenenamento
- Não deixe ao alcance da criança produtos de limpeza, medicamentos, pilhas e produtos de higiene
- Os comandos deverão ter bloqueado o acesso ao compartimento das pilhas – utilize uma capa de proteção ou coloque fita-cola
- Não deixe garrafas de bebidas alcoólicas arrumadas em armários baixos.

Evite o risco de choque
- Fios elétricos deverão estar enrolados e fora do alcance das crianças
- As tomadas deverão ter protetores.
Consoante a faixa etária da criança avança obviamente que conseguimos ir explicando, de forma adequada, os riscos de determinadas ações. O objetivo não é colocar as nossas crianças em redomas, mas sim criar-lhes autonomia com consciência dos riscos de atuações incorretas e perigosas. A noção de perigo tem de ser adquirida. E não esqueça nunca que os pais são os modelos dos filhos. As suas ações serão repetidas por eles, portanto a aprendizagem por observação é muito poderosa. Daí que a nossa responsabilidade fica redobrada.

Por fim dê uma passagem pelas diversas assoalhadas da sua casa e avalie se tem riscos expostos sem ter dado conta. Caso os seus filhos fiquem rotineiramente aos cuidados de algum familiar peça também a colaboração dos mesmos para tornarem a sua casa mais organizada e segura. Todos ganharão com essa adaptação.
Ana
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